A cidade está repleta de alegorias. Liga-se a TV e lá vem o
baticum e os rebolados. Cores efusivas. Consta que em finais do século XVIII, o
entrudo era a prática por aqui. Macaqueamos os bailes parisienses até mesmo
colocando-o sob forte controle policial. Em vão. Não põe corda no meu bloco, nem vem com seu carro forte, nem dá ordem
ao pessoal. Foi o que predominou. No bairro não é diferente. Um grito aqui
outro acolá. É o carnaval se manifestando.
O bloco Reciclar, no bairro Jardim Suzana, zona Sul de São
Paulo começando a festa que precede a maior, aquela do Sambódromo do Anhembi,
do arquiteto Oscar Niemeyer. O tema daqui foi “Água, sabendo usar não vai
faltar”. As águas vão rolar. Garrafa
cheia eu não vi sobrar.
No burburinho de gente, crianças e até o cachorrinho
aceitando um carinho. Depois da padaria, uma igreja e casamentos. Misturado à
marcha nupcial, ouvia-se o som das caixas, cuícas, pandeiros, surdo e reco-reco.
Avenida retumbante.
Muitas latinhas de cerveja para reciclar. Poluição sonora. Um
narguilé no centro da mesinha qual
arranjo de flores, rodeado de bebidas e instalado na calçada. Mesinha rodeada
de jovens sorridentes e dançantes. E viva a diversidade. Não me leve a mal, é carnaval.
Pare cruze com cuidado, dizia a placa. Parei no contraponto.
Um jovem a colar, ao ritmo dos surdos cartazes em todos os postes. Os dizeres: ”Joga-se
búzios, cartas e tarôt. Simpatia para o amor. Resultado em 3 dias”. Quanto riso, oh, quanta alegria.
Na igreja ao lado, simpatia e amor. Aqui e agora uma união fashion com direito a Rolls Royce e tudo o mais. Ao largo, passam cavaleiros e amazonas em seus
cavalos galopantes. É São Paulo. É Brasil. É bem aqui. Cai a noite quente. É
fevereiro.
Por: Suely Aparecida Schraner
Publicado no site: www.saopaulominhacidade.com.br
em fevereiro de.2010
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