Era noite e era fria. Garoava não chovia. Do alto, ao fundo do
estacionamento, uma igreja. Quem rezava? Quem chorava? As almas desalmadas na
cidade tão amada. Mal amadas. Bem me quer, mal me quer. Querências. A vida na
clave de sol.
Luzes de neon a edulcorar concreto e gente. Lá vem o
carro, risca o asfalto onde o homem embalado em cobertor, se expõe. Na lateral
do prédio, a faixa diz “Memorial da Resistência”. Resistência com fé e esperança.
Cidade de tanta andança. Lambança e dança. Maravilhas, ilhas. Continências
transparentes. Impressões. Verdade. Maldade. Diversidade.
Filarmônica Bachiana SESI SP. Tchaikovsky escancarado.
Persistências arraigadas. Ensaios,
profundidades. Raridades. Um aguarda outro foca.
Lá dentro cabeças de deusas a ligar toda sinapse. Em
bronze, fragmentos.
Concerto.
Em camarote, consortes. Uma deixou marido doente. Partiu
para o fortalecimento da alma e corpo, contritos. Cuidar, apegar e desapegar.
Ralar. Voltar no primeiro ato. A outra, pelas colunas derrete-se. Será dórica,
será jônica? Majestosas, sim senhor. Afinadas em direção ao capitel. Graciosas,
femininas, estilizadas. Fuste acanelado em base sólida. Alto relevo a enlevar.
Bravo! Bravo!Bravo! Maestros, João Carlos Martins e Alex
Klein. Emoções que afagam.
“Allegro con
spirito”.