terça-feira, 29 de março de 2011

Querido Fedalto

foto by suely schraner

É certo que chegastes seguindo atrás daquele te olhou com classe e compaixão. Muito jovem e cheio de porvir. Destemido, tímido? Uma incógnita. Olhar solerte pedindo baixinho: me aceite, me aceite.

Ver o lado bom da vida com aquela angústia de prazer e dor, num turbilhão de juventude.

Viestes aportar em casa onde tudo começava e muita coisa rolava. Adorastes comer e beber. Aceitavas de bom grado qualquer petisco. Brincavas de qualquer coisa. Não gostavas de ordens e apreciavas a desordem. Afagos, sonhos e bolas.

Em situações tempestuosas ignoravas perigos. Nem raios nem trovões impediam o ressonar. Juventude de corridas e saltos. Sobressaltos e alertas. Aventuras emboladas.

Um dia saístes sem avisar. Ficastes de bar em bar? Noitadas a namorar? Voltastes ressabiado e cansado de amar. Vivestes situações embaraçosas. Retornastes faminto, independente. Dormistes um longo período de guerreiro.

Tu eras jovem. Os limites não te assustavam. Atenderas a muitos chamados. Aninhavas ao pé da cama. Entravas dentro do sofá. Olhares, esgares e mais ronronares.
 

Um dia, saístes pra casar e nunca mais voltastes.Puríssimo vira lata.

Teus passos ficaram. Teus saltos e miados na memória, fixados. Irás encontrar outras situações tempestuosas. Tomara que encontres também, o lado bom da vida. Um leite quentinho, um amiguinho. Terás novos sonhos e muitos gatinhos. Bolinhas, barbantes, o fio da vida a desenrolar.

Gatinho Fedalto Félix, olhe pra trás, salte de lado, siga em frente. Do mesmo jeito que um dia seguistes aquele menino, é preciso que um dia chegues para que te sigam também.


Saudade


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