terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sem água não dá não



"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e
de repente você estará fazendo o impossível".São Francisco de Assis

Para ele a natureza fala. Tem a rua como casa. O céu como teto. Da TV da loja, ouve falar de gripe aviária, do degelo das geleiras, de uma tal de febre aftosa ou maculosa e das mudanças do clima. De clima ele entende. Mais de 30 anos morando nas ruas. Desse ambiente, sua natureza sobrevive. Cata tudo por aí e vende no ferro velho. Um dinheirinho de nada que dá pra comprar uma “barrigudinha”. Sem a cachaça “ninguém segura esse rojão”.

Rojão das queimadas que aumenta a poluição. Poluição que é o lamento do meio ambiente que geme e faz gemer as crianças e idosos sem inalação. Geme pelo lixo que essa gente produz e que lhe garante a pinga de cada dia. Pinga que lhe aquece e lhe desgasta a natureza cansada de viver à míngua.

O córrego fedido. Parte dele e a grade da ponte, seu apoio, sua bengala. Cai o esgoto que vai. Vai pra represa. Represa que manda água pras torneiras dessa gente. Nem as aves escapam. Outro dia, viu uma pomba branca beber a água do córrego e morrer logo em seguida.

A situação está ficando quente. Tanto asfalto, tanto córrego canalizado. Cidade impermeável. Antes, era só São Paulo da garoa. Agora o grito da natureza. Muitas queimadas e mais pássaros diferentes na cidade. A cada dia que passa. Antes, só pardais. Hoje, bem-te-vis, colibris, curiós, pica-paus e até gaviões. O meio ambiente respondendo com enchentes, deslizamentos de encostas, meninos morrendo. Anjinhos ao léu.

Catando tudo por aí, segue pensando: tudo que é demais estraga. Cai a chuva, cai a ficha. Sem comida até que dá pra agüentar um pouco. Sem água não dá não.

Barrigudinha:pinga vendida a R$ 1,50 em garrafa plástica transparente com bojo em forma de barriga.

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