terça-feira, 7 de setembro de 2010

O sorriso da alma

Conta-se que Santa Apolônia, a padroeira dos dentistas, foi mártir da Igreja Católica e que, para manter sua fé, foi torturada, sofreu fraturas no rosto e teve os dentes quebrados.

O dentista garante a integridade dos dentes, a limpeza e profilaxia. Hoje prevenção, ontem extração. Hoje restaurações, clareamento, implantes, essas coisas "high tech". Ontem, soluções caseiras: pinga no buraco do dente, um minuto, remedinhos, "tiro e queda". Panela no dente instalada, era só extrair e pronto.

Para ele, ser dentista era a razão de ser. Atendia ouvindo ópera. Vê se pode. Quando não, a Voz do Brasil. Tem notícias interessantes, dizia ele.

Pacientemente, naqueles idos de 70, no Bairro de Campo Grande, Avenida Nossa Senhora do Sabará, laborioso nesta São Paulo desbocada. Entre resinas almagmas e dentaduras postiças, seguia amealhando clientes e amigos. Algumas bocas ficaram famosas. Ana Paula Arósio que o diga.

Bom atendimento e parcelamentos na base da palavra dada, que SPC não tinha não.

O instante das coisas. O tempo de uma piscadela e a maturidade se instalando junto com a aposentadoria. A vida correndo como as águas deste verão que se encerra.

O outono da existência, um troféu das experiências vividas. O cuidado com as bocas. O sorriso que motiva, ensina, encanta. Sorriso da alma.

Na sala do Telecentro Malba Tahan, no Jardim Suzana, Diodi Okamoto, dentista aposentado, aprende informática e também escreve sobre a cidade de São Paulo e sua gente.

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