domingo, 26 de setembro de 2010

Fiapos ao luar

A claridade se expande. Tudo é refletido pelo brilho prateado. Reina o silêncio, quebrado por passos ou expressões.

Uma rua arborizada. Transeuntes se cruzam e seguem caminhando.

A luz da lua deixa transparecer nas pessoas suas fisionomias. Ele caminha lentamente. Não está pensando. Não está falando. Na cara, a angústia retratada. Nas vestes a miséria esgarçada. No andar e nos ombros o peso desta vida desandada .

As pessoas continuam passando. A lua se escondeu atrás de uma nuvem. Um carro buzina. Um gingado e o corpo que se esquiva. Um pneu que canta. Nem há susto. Está acostumado. Embrutecido e arredio. Solta um palavrão e continua andando. Lampejos de vida a pulsar.
Procura um pedaço de pão duro nos bolsos. Um vento sopra vagamente os fiapos ao luar. Seu estômago roncou sem que achasse o pão. Um ódio encontrou para lhe dar razão. Sua mente está esfarrapada e escura.

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