terça-feira, 7 de setembro de 2010

Corta, frita e dá pro gato

Um velhinho frágil de aspecto pra lá de respeitável. Cabelos em tufos brancos como a neve. Olhos puxadinhos tipo oriental. Arranjou namorada que perdeu, ao propor uma hora de sexo oral como presente de natal. Simples assim. Tentou consertar e só foi piorando, ao dizer que pagaria o quanto fosse. Prostituta não, que essa tem ’as doenças’.

Aí quem adoeceu foi ele. O estudo confirma: mil pênis são amputados por ano no país. Maioria dos casos está em São Paulo. Uma doença evitável. Nunca se preocupou em visitar o urologista. A esposa, que Deus a tenha, bem que dizia: Sobe na cadeira e pula. Se cair, ta podre. Esse era o exame do qual ainda se lembra.

No antes, já viúvo, era um tal de perder empregada. Delicadezas delas. Só porque esquentava a mão no bule de café e, em seguida as punha em suas coxas, para que vissem como estavam aquecidas. Que falta de sensibilidade dessas meninas.

Daí que veio aquela coceirinha boa. Coça daqui, coça dacolá. Uma feridinha de nada. HPV? Falta de higiene? Quem sabe? Xixi nas calças. Faz mal não. Depois seca.
Na sua juventude ninguém nem sabia o que era fimose. Quanto mais operar. Nessas partes ninguém tasca. Ouviu falar de circuncisão. Coisa de judeu. Debaixo é meu, de cima é do judeu. Falas de antanho.

De uns dias pra cá, oitenta e tantos anos e mais de sete namoradas pagas. Pegou gosto depois de experimentar a pílula azul. Agora o medo das doenças que falam no rádio.

Chega bem cedinho. Estaciona sua Variant rente ao córrego que dá para a Represa de Guarapiranga. É uma rua próxima da feira livre. Desliga o motor e aguarda. Assim que vê mulher se aproximando, abre a calça e a porta. Mostra a geringonça. Exibido, repete o gesto a cada dona que passa sozinha. Não entende porque algumas fazem escândalo e ameaçam chamar polícia. Pior foi aquela que disse que da próxima vez que ver isso, vai cortar, fritar e dar pro gato.

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